Sem dúvida, Jane era bem racional e tentava estar firme e convicta que Mr. Bingley foi coisa do passado e que não deveria mais ter esperanças com ele, mesmo que a irmã Elizabeth afirmasse o contrário com toda aquela convicção de quem conhecia os sentimentos masculinos e o amor (que só servia pra interpretar a situação dos outros).
Mas nós sabemos que Jane amava Mr. Bingley e ajuizada como era, procurava controlar suas emoções e dizia que não tinha medo de si própria e sim do que as pessoas falavam,
bem... sabemos que não era bem assim, mas entendemos é claro, Jane com certeza não queria se frustar ainda mais com esperanças infundadas...mas lá no fundo, no fundo, quando soube que Mr. Bingley estava chegando em sua casa, não pode disfarçar os sentimentos, as esperanças e depois... a desesperança em vê-lo partir outra vez assim, trocando com ele poucas palavras e sem saber de suas reais intenções.
"(...) Apesar do que a irmã lhe tinha declarado,
e acreditava que ela tivesse falado sinceramente, Elizabeth percebia facilmente que a perspectiva da chegada de Bingley a tinha afetado profundamente. Jane estava perturbada, agitada como poucas vezes a vira. (...)
Poucos dias antes da sua chegada, Jane disse para a irmã:
— Estou começando a preferir que ele não venha. Não que eu dê
importância ao fato, sou capaz de vê-lo com perfeita indiferença. Mas não
suporto ouvir falar constantemente nesse assunto. A intenção da minha mãe
é boa. Porém ela não sabe, ninguém sabe quanto sofro com o que dizem.
Vou dar graças a Deus quando Mr. Bingley for embora de novo.
(...) Mas Elizabeth, para contentar a mãe, foi até a janela, olhou e, vendo que Mr. Darcy vinha em companhia de Bingley, voltou a se sentar ao lado da sua irmã.
— Vem outro cavalheiro com ele, mamãe — disse Kitty. — Quem será?
— Deve ser um conhecido dele, meu bem, mas não sei quem é.
— Ora, parece aquele homem que já esteve aqui com ele uma vez.
Mr..., como é que ele se chama? Aquele homem alto, orgulhoso...
— Quem, Mr. Darcy? E é mesmo... Bem, qualquer amigo de Mr. Bingley será sempre bem recebido. Mas devo confessar que odeio aquele homem.
Jane olhou para Elizabeth com surpresa e inquietação. (...) As duas irmãs se
sentiam bastante embaraçadas. Cada uma delas sentia pela outra e
naturalmente por si própria. (...) Para Jane ele continuava a ser o homem cujas propostas ela tinha recusado, e cujas qualidades ela subestimara. Mas para Elizabeth, que possuía outras informações, ele era a pessoa a quem toda a família devia o maior dos benefícios, e a quem ela própria votava uma afeição, se não tão terna quanto a que Jane dedicava a Bingley, pelo menos tão razoável e tão justa.(...)
Jane parecia um pouco mais pálida do que de costume, porém mais calma do que Elizabeth esperava. Quando os cavalheiros entraram, ela enrubesceu ligeiramente. No entanto recebeu-os com tranquilidade e maneiras igualmente livres de qualquer sintoma de ressentimento, como de qualquer desejo exagerado de agradar.(...)
— Faz muito tempo, Mr. Bingley, que o senhor foi embora — disse Mrs. Bennet. Ele concordou prontamente.
— Eu tinha medo de que o senhor não viesse mais — continuou ela.
— Andaram dizendo que tencionava abandonar Netherfield completamente,
por ocasião da festa de São Miguel. Espero que não seja verdade. Têm
acontecido muitas coisas aqui nas imediações desde que o senhor partiu.
Miss Lucas está casada e uma das minhas filhas também. Acho que já deve
ter ouvido falar nisto. Aliás, o senhor deve ter lido nos jornais. (...) Bingley respondeu que tinha lido e lhe deu os parabéns.
— É uma coisa muito agradável ter uma filha bem casada — continuou Mrs. Bennet. (...)
Se agora surgissem para Jane as mesmas possibilidades que no ano anterior, tudo se precipitaria para a mesma desastrosa confusão.
Elizabeth observou que a beleza da sua irmã tornava a inflamar rapidamente a admiração do antigo namorado. A princípio ele lhe falara pouco, mas cada
minuto que passava parecia aumentar a admiração que lhe dedicava. Ele a
achava tão bela quanto no ano passado, tão simples e natural, embora menos comunicativa. Jane se esforçava por não deixar perceber nenhuma diferença na sua atitude, e estava realmente convencida de que conversava tão animadamente como sempre. Seus pensamentos a absorviam tanto que ela não reparava nos momentos em que ficava calada." (Jane Austen - "Orgulho e Preconceito" - cap. LIII )
Poucos dias antes da sua chegada, Jane disse para a irmã:
— Estou começando a preferir que ele não venha. Não que eu dê
importância ao fato, sou capaz de vê-lo com perfeita indiferença. Mas não
suporto ouvir falar constantemente nesse assunto. A intenção da minha mãe
é boa. Porém ela não sabe, ninguém sabe quanto sofro com o que dizem.
Vou dar graças a Deus quando Mr. Bingley for embora de novo.
(...) Mas Elizabeth, para contentar a mãe, foi até a janela, olhou e, vendo que Mr. Darcy vinha em companhia de Bingley, voltou a se sentar ao lado da sua irmã.
— Vem outro cavalheiro com ele, mamãe — disse Kitty. — Quem será?
— Deve ser um conhecido dele, meu bem, mas não sei quem é.
— Ora, parece aquele homem que já esteve aqui com ele uma vez.
Mr..., como é que ele se chama? Aquele homem alto, orgulhoso...
— Quem, Mr. Darcy? E é mesmo... Bem, qualquer amigo de Mr. Bingley será sempre bem recebido. Mas devo confessar que odeio aquele homem.
Jane olhou para Elizabeth com surpresa e inquietação. (...) As duas irmãs se
sentiam bastante embaraçadas. Cada uma delas sentia pela outra e
naturalmente por si própria. (...) Para Jane ele continuava a ser o homem cujas propostas ela tinha recusado, e cujas qualidades ela subestimara. Mas para Elizabeth, que possuía outras informações, ele era a pessoa a quem toda a família devia o maior dos benefícios, e a quem ela própria votava uma afeição, se não tão terna quanto a que Jane dedicava a Bingley, pelo menos tão razoável e tão justa.(...)
Jane parecia um pouco mais pálida do que de costume, porém mais calma do que Elizabeth esperava. Quando os cavalheiros entraram, ela enrubesceu ligeiramente. No entanto recebeu-os com tranquilidade e maneiras igualmente livres de qualquer sintoma de ressentimento, como de qualquer desejo exagerado de agradar.(...)
— Faz muito tempo, Mr. Bingley, que o senhor foi embora — disse Mrs. Bennet. Ele concordou prontamente.
— Eu tinha medo de que o senhor não viesse mais — continuou ela.
— Andaram dizendo que tencionava abandonar Netherfield completamente,
por ocasião da festa de São Miguel. Espero que não seja verdade. Têm
acontecido muitas coisas aqui nas imediações desde que o senhor partiu.
Miss Lucas está casada e uma das minhas filhas também. Acho que já deve
ter ouvido falar nisto. Aliás, o senhor deve ter lido nos jornais. (...) Bingley respondeu que tinha lido e lhe deu os parabéns.
— É uma coisa muito agradável ter uma filha bem casada — continuou Mrs. Bennet. (...)
Se agora surgissem para Jane as mesmas possibilidades que no ano anterior, tudo se precipitaria para a mesma desastrosa confusão.
Elizabeth observou que a beleza da sua irmã tornava a inflamar rapidamente a admiração do antigo namorado. A princípio ele lhe falara pouco, mas cada
minuto que passava parecia aumentar a admiração que lhe dedicava. Ele a
achava tão bela quanto no ano passado, tão simples e natural, embora menos comunicativa. Jane se esforçava por não deixar perceber nenhuma diferença na sua atitude, e estava realmente convencida de que conversava tão animadamente como sempre. Seus pensamentos a absorviam tanto que ela não reparava nos momentos em que ficava calada." (Jane Austen - "Orgulho e Preconceito" - cap. LIII )
As versões em vídeo são muito boas e todas retratam uma Sra. Bennet muito falante como nos conta o livro, mas dona de quase todos os diálogos. Apenas a parte em que Elizabeth comenta algo é que permanece, mas em nenhuma dessas três versões aparece Jane e Bingley conversando como está no livro. Acredito que conta-se que eles se falaram pouco mas não se diz sobre que assunto, acharam por bem não fazer essa menção, afinal em uma sala pequena com todos ali presentes ficaria algo sem sentido mostrar apenas os dois se falando em um cantinho sem ninguém escutar sobre o que falavam, acho que foi isso e digamos que caiu bem.
A versão de 1980, não dá muita ênfase a esse encontro como poderia. Jane e Bingley mal se olham e Jane parece bem mais a vontade do que deveria, só me pareceu mesmo é estar feliz com a visita de Bingley.
Já a versão de 1995, em minha opinião a melhor, Jane realmente se mostra tensa e apreensiva, apesar de manter sua meiguice; Mr. Bingley também se mostra um tanto embaraçado achei que foi bem fiel à obra.
A versão de 2005 também é muito boa e chega a ser cômica. Também gostei muito do Mr. Bingley um tanto adolescente e de Jane tentando manter a firmeza em não demostrar seus sentimentos. A cena que focaliza seu rosto mais de perto no final da visita é ótima, mesmo sem falas ela "diz" o quanto ficou desapontada.
Pra gente que sabe que a culpa de a visita não ter sido o que deveria ser foi da tagarelice da Sra. Bennet e que haverá uma segunda chance, ainda vai, mas já pensou a pobrezinha da Jane? Nesse reencontro, as esperanças... se foram de vez.
Olá Patrícia, tudo bem? Adoro seu blog, embora nunca comente , estou sempre acompanhado as atualizações. Vi em algum post que você já leu os livros da Laura Ingalls, diga-me, onde você os comprou? já procurei em sebos, livrarias, bibliotecas, lojas online, mas não encontro em lugar algum (na verdade encontrei na Estante Virtual, mas os preços eram absurdos e os livros estavam em péssimo estado). Se puder responder ficarei muito grata.
ResponderExcluirObrigada pela a atenção.
Gaby,
ResponderExcluirFico muito feliz em ter vc por aqui e que bom que gosta do blog, é um elogio e tanto! Sabe, tenho ficado bem desolada com esse detalhe sobre a carência de livros de Laura Ingalls. É uma grande pena, pois parece que cada vez mais as pessoas tendem a procurar o que as deixam mais ignorantes (desculpe o desabafo). São livros lindos e os comprei há uns 20 anos, sabe onde? No Carrefour, por acaso, fui comprando aos poucos até fazer toda a coleção. Há algum tempo ainda tinha na Saraiva e vi também esses dias na Livraria Cultura, mas só tinha um exemplar e o mais famoso "Uma casa na campina". Fico mesmo triste em saber que não se acha mais, como pode, né? O que vi foi em inglês (Laura Ingalls é o Monteiro Lobato americano, digamos assim) e há também download (também em inglês) estou pensando em um jeito, sei lá, uma possibilidade de disponibilizar os meus mais não sou muito boa em informatica, não sei como poderia fazer. Vou tentar me arpofundar mais sobre esse descaso, se conseguir alguma coisa, se Deus quiser farei um post, pois muita gente procura e me diz que não acha. Espero em breve poder dar boas notícias. Bjos,
Patrícia
Oh Patrícia, concordo plenamente com você quando diz que as pessoas tendem a procurar o que as deixam mais ignorantes, livros clássicos como os da Laura vêm perdendo o valor, essa nova geração de "leitores" procuram sempre as mesmas leituras, creio que está sendo criado um novo padrão de leitura onde obras como as da Laura e da Jane ficam de fora.
ResponderExcluirObrigada por tentar ajudar, caso você saiba de alguém ou alguma loja online que venda os livros da Laura Ingalls por favor,nos informe, creio que além de mim, muitas pessoas procuram por essas relíquias.
Gaby,
ExcluirObrigada pela resposta. Acho que no fundo é essa a intenção do blog. Quem sabe se a gente mesmo sendo a minoria não consegue fazer a diferença, não é? Acho que mesmo sendo poucos essa "diferença" em nossa maneira de ser, é notada por muitos, pode crer!!! Bjos,
Patrícia
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirConcordo com você Patrícia , Mudando um pouco de assunto, eu quero te parabenizar pelo o blog, a sua forma de escrever é fantástica, você se expressa de uma forma muito clara, gosto de seus posts sobre a cultura de séculos passados, como aquele que você escreveu sobre a crinolina, sobre os coquis... Eu tenho vontade de te conhecer, sabia? Antes de conhecer seu blog eu pensava que eu era a única a amar coisas antigas, agora sinto que você me entende =)
ResponderExcluirA propósito, você tem conta no Skoob?
Gaby,
ExcluirFico muito feliz com o elogio, na verdade gosto bastante de escrever, mas não sabia que estava realmente agrando tanto! Obrigada. Não tenho conta no Scroob, mas tenho vontade de me inscrever, embora já tenha lido bem mais do que atualmente, agora, trabalhando e com crianças ainda pequenas, sempre na correria, começo ler uns três livros de uma vez e fico protelando pra terminar antes que o início fique esquecido, rsrsr, Em que cidade vc reside? Quem sabe dá certo de a gente se encontrar qualquer dia pra bater uma papo?! Bjos,
Patrícia
Gaby,
Excluirna segunda linha, leia "agradando", por favor (sabe como é, escrevendo e tomando café da manhã, a gente acaba comendo sílaba "pensando" que é biscoito, rsrrs, bjo,
Patrícia
ResponderExcluirNão se preocupe, é completamente normal engolir letrinhas junto com o café rsrs. Eu moro no Ceará.
Crie uma conta no Skoob, é um jeito fácil de controlar nossas leituras, arquivar as já passadas e conhecer as que virão. =)