domingo, 29 de junho de 2014

"Emma" - A música como forma de aproximação nas obras de Jane Austen - parte 3


...em nada tinha alcançado o grau de perfeição que ela tivesse querido possuir, já que não admitia enganos...


     A música na vida  de Emma mais parece ter sido uma forma de "denúncia" a si própria, de que realmente ela não poderia ser perfeita e admirada em tudo. 

   Rica, bonita, inteligente e acostumada a ser o centro das atenções, Emma não admitia não ser tão boa em algo, mas enquanto não houvesse alguém que lhe superasse em seus talentos isso não seria um problema, até que as qualidades de Jane Fairfax aparecessem para lhe incomodar (e muito). Não que ela não fosse dotada de talento, capacidade e inteligencia, mas lhe faltava disciplina e perseverança...isso denunciava-lhe mais ainda!

A falta de disciplina... 
     ...Emma sempre tinha querido fazê-lo tudo, e tinha sido no desenho e na música onde seus progressos tinham sido maiores, sobre tudo tendo em conta a escassa disciplina no trabalho a que se submeteu.(pág.19)

Emma sabia que poderia ser melhor se tivesse mais dedicação...
    Tocava algum instrumento e cantava; e desenhava em quase todos os estilos; mas sempre o tinha faltado perseverança; e em nada tinha alcançado o grau de perfeição que ela tivesse querido possuir, já que não admitia enganos. Não se fazia muitas ilusões aproxima de suas habilidades musicais ou pictóricas, mas não lhe desgostava deslumbrar a outros, e não lhe importava saber que tinha tina fama freqüentemente maior que a que mereciam seus méritos.(pág.19)

As ocupações de uma mulher, segundo Emma...
     As ocupações habituais de uma mulher, por isso se refere aos olhos, às mãos e ao cérebro, igual posso as ter então que as tenho agora; ou pelo menos sem que haja uma grande diferença. Se desenho menos, lerei mais; se deixo a música, dedicarei-me a bordar toalhas de mesa. E quanto a seres que reclamem nossa atenção...o maior perigo que têm que evitar as que não se casam...(pág. 41)


Emma e a rivalidade com Jane Fairfax...
     Reapareceram os mesmos motivos de inimizade de antes....e Emma voltou a sentir-se irritada com Jane. Tiveram um pouco de música; Emma se viu obrigada a tocar...pareceram com a Emma de uma ingenuidade afetada, de um ar de superioridade destinado tão somente a demonstrar a todos que ela, Jane, seguia estando muito por cima.(pág.79)

A música agrada a todos...
...você e a senhorita Fairfax nos obsequiaram com uma música deliciosa. Sr. Woodhouse, não conheço maior prazer que estar comodamente instalado em uma poltrona enquanto dois jovens como estas nos dão de presente os ouvidos durante toda uma velada; às vezes com música, às vezes com sua conversação.(pág.80)

Jane Fairfax não tinha um piano, mesmo sendo ótima pianista...    

...estou seguro, Emma, de que à senhorita Fairfax tem que lhe haver parecido agradável a velada...alegrei-me em ver que lhe deixava tocar tanto, porque como em casa de sua avó não têm nenhum instrumento, ela deve havê-lo agradecido muito.(pág.80)

Já viu Jane Fairfax tocar?
- Ouviu tocar alguma vez à senhorita da que estávamos falando( Jane Fairfax)?
-  Se a ouvi tocar? exclamou Emma. Esquece você que aconteceu muitas temporadas no Highbury. Ouvia todos e cada um dos anos de nossa vida desde que as duas começamos a estudar música. Toca de uma maneira encantadora.(pág.96)

Jane Fairfax ganha um piano de alguém desconhecido...
    A senhora Penetre estava contando que tinha visitado a senhorita Bate e que, logo que entrar na sala, ficou-se assombrada ao ver-se diante de um piano...um magnífico instrumento, muito elegante... quadrado, não muito grande, mas sim de umas dimensões consideráveis... mandado da casa Broadwood no dia anterior, com o grande assombro de ambas, tia e sobrinha, ante aquele inesperado presente...e tampouco tinha a
menor ideia de quem tivesse podido enviá-lo...(pág.102)


As suspeitas de quem teria dado o presente...
...mas que logo ambas se convenceram plenamente de que o piano não podia ter mais que uma origem; tinha que tratar-se forçosamente de um obséquio do coronel Campbell. Sempre hei sentido muito que Jane Fairfax, que toca tão maravilhosamente, não tivesse um piano.(pág.102)


Jane Fairfax tocava muito bem... 
     Pareceu-me uma vergonha, sobre tudo tendo em conta que há tantas casas nas que há pianos magníficos que não servem para nada...e aqui está a pobre Jane Fairfax que entende tanto em música e que não tem nada que se pareça com um instrumento nem sequer a espineta mais velha e mais lamentável para distrair-se um pouco...(pág.103)

Emma sabia de suas limitações com o piano... 
   A jovem conhecia muito bem suas próprias limitações para atrever-se a tocar algo que não se soubesse capaz de executar com certa brilhantismo; não lhe faltavam nem gosto nem talento para a música, sobretudo nas composições de pouco empenho que revistam interpretar-se nesses casos, e se acompanhava bem com sua própria voz.(pág.109) 

O dueto de Emma e Frank Churchill...   
...mas esta vez teve a agradável surpresa de ouvir que uma segunda voz acompanhava sua canção... a do Frank Churchill, não muito vigorosa, mas bem entoada. Ao terminar a canção, Emma se desculpou como era de rigor, e se aconteceram os cumpridos de costume. (pág.109)

As habilidades musicais de Frank Churchill..
     O jovem, por sua parte, foi acusado de ter uma voz muito bonita e um perfeito conhecimento da música; o qual ele negou como era de esperar, afirmando que era totalmente profano na matéria, e dando toda aula de seguranças de que não tinha nada de voz.(pág.109)
...mas a interpretação musical de Jane Fairfax era superior à de Emma e Frank...     
...ambos voltaram a cantar juntos uma nova canção; e logo Emma teve que ceder seu lugar à senhorita Fairfax, cuja interpretação, tanto do ponto de vista vocal como instrumental, Emma não pôde por menos de reconhecer em seu foro interno que era imensamente superior à sua.(pág.109)


Emma não gostava de ser inferior a Jane Fairfax ao piano e no canto...    

...doía de um modo muito claro e inequívoco sua inferioridade na interpretação e no canto. O que mais lamentava era a preguiça de sua infância...se sentou ao piano e esteve fazendo práticas durante uma hora e meia.(pág.111)

O desconsolo de Harriet por não saber tocar...
-Oh! Se eu pudesse tocar tão bem como você e a senhorita Fairfax!
-Não nos ponha à mesma altura, Harriet. Me comparar com ela é como comparar uma abajur com a luz do sol.(pág.111)


...mesmo assim, Emma dá sua opinião sobre a novo piano de Jane...
- Sim, sim, é uma grande ideia, disse Frank Churchill, será muito interessante conhecer a opinião da senhorita Woodhouse sobre o piano..."(pág.113)

A paixão da Sra. Elton por música...
- Já não pergunto a você se for aficionada à música, Sra. Elton. Nestas ocasiões a fama de uma dama geralmente a precede e já faz tempo que Highbury sabe que é você uma pianista de primeira categoria.
-Oh, não, claro que não, certamente que não! Tenho que protestar de uma ideia tão elogiosa. Uma intérprete de primeira categoria! 
     Asseguro-lhe que estou muito longe de sê-lo. Sua informação deve proceder de alguém muito parcial. Sou enormemente aficionada  à música, isso sim... é uma verdadeira paixão; e meus amigos dizem que não deixo de ter certo gosto para tocar o piano...(pág.134)

A Sra. Elton elogia Emma...
- Você em troca, senhorita Woodhouse, sei muito bem que toca maravilhosamente. Asseguro-lhe que para mim foi uma grande satisfação, um consolo e uma alegria saber que entrava em formar parte de uma sociedade tão melômana*.
Sem música eu não posso viver. É algo absolutamente necessário para minha vida, e como sempre vivi entre pessoas muito aficionadas à música, tanto no Maple Grove como no Bath...(pág.134)

(*melômana - pessoa grande admiradora de música)

O piano de Jane Fairfax...presente perigoso...
-O piano! Ah! Isso é algo muito próprio de um moço, de um moço de pouca idade, muito jovem para compreender que às vezes em um presente assim pesam mais os inconvenientes que a ilusão que produz. Sim, é uma ideia de menino! Não posso conceber que um homem se empenhe em dar a uma mulher uma prova de seu afeto que sabe que ela preferiria não receber; e sabia que de ter podido, ela se houvesse oposto a que o enviasse o piano.(pág.217)


Conclusões finais sobre o caso:


     Emma com certeza poderia ter aprendido um pouco com um grande compositor que foi viveu na mesma época, não tão distante dali:

" O gênio é composto por 2% de talento e de 98% de
perseverante aplicação."
                                          Ludwig van Beethoven

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