sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Amigos são como o sol...

     
      Outro dia li em um caminhão:

"Amigos são como o sol, só aparecem em dia bonito".

      Achei interessante, mas concordo em partes. 
    Com a primeira parte da frase, estou de acordo; os amigos nos trazem alegria, aquecem nosso coração e nos enchem de luz, assim como é o amigo sol, mas depois da virgula...como assim, só aparecem em dia bonito? Isso não é coisa de AMIGO! 

     Amigo, no sentido real da palavra, aquele amigo de verdade, não um colega (ou intrometido que quer saber da sua vida e aproveitar sua churrasqueira ou sua piscina), vai estar presente todos os dias do ano, exatamente como o sol, pois nos dias nublados (falando da vida), vai estar ali, mas muitas vezes nossas NUVENS, CHUVAS, NÉVOAS etc., (penso ai, em nossos problemas), nos trazem dificuldade em enxergá-los, ou melhor, nossas NUVENS não nos deixam vê-los por perto.
     Ai me lembrei de Elizabeth Bennet...(Jane Austen - "Orgulho e preconceito")


  • Charlotte se casando com Mr. Collins, mas ainda sua amiga.
  • Jane longe de casa, em viagem, mas sua grande amiga.
  • Mr. Darcy longe, mas...com seu coração ligado ao dela.


    Mas para Lizzie, aqueles meses frios não lhe permitiam ver muito da alegria. Mesmo assim, ela a buscou...

Capítulo XXVII
""E sem maiores acontecimentos na família de Longbourn, janeiro e fevereiro, algumas vezes frios e não raro lamacentos, passaram sem outras diversões senão passeios ocasionais a Meryton. Março deveria levar Elizabeth para Hunsford. Ela não tinha encarado a princípio com muita seriedade a possibilidade de ir, mas Charlotte contava com ela e aos poucos Elizabeth se habituou a pensar na visita com mais interesse, bem como com mais certeza. A ausência aumentara o desejo de rever Charlotte e enfraquecia a sua repugnância por Mr. Collins. Havia também o sabor da novidade. E além disso, com a mãe que tinha, e irmãs tão pouco camaradas, a sua casa não seria um lugar muito divertido. Além do que a viagem lhe daria a oportunidade de se avistar com Jane. Em suma, à medida que o dia se aproximava, menos ela desejava adiar a partida... Ao plano primitivo acrescentou-se um novo detalhe: passariam a noite em Londres.
     Elizabeth sentia apenas ter de deixar o pai, que certamente sentiria a sua falta; e que, chegado o dia, se mostrou tão pouco satisfeito com a sua partida que recomendou à filha que lhe escrevesse e quase prometeu responder a sua carta. A despedida entre Elizabeth e Mr. Wickham foi perfeitamente cordial."

     E que belo desenrolar a esperava! 

   Então, ai vai a minha frase, como não tenho caminhão, mas tenho um blog, hohoho, a coloco aqui:

"Amigos são como o sol, não aparecem somente nos dias bonitos, quem for esperto, os verá".


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Jane Austen - Edição "Requinte"

  
     Babei quando vi essa edição com as obras completas (menos "Lady Susan") da Jane na Livraria Cultura. São os seis livros em um único volume!
       Não encontrei em mais nenhum lugar (nem na NET), mas com certeza é possível achar; como não me informei com detalhes, acredito que deva ser um lançamento. Está em inglês e o livro é MARAVILHOSO! 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Elas foram ao shopping


     Hoje em dia é difícil quem não goste de um Shopping Center. Eu por exemplo, gosto muito! Vale o passeio, mais do que as compras em si. As livrarias são meus lugares preferidos e depois, ando um pouco, tomo um café (às vezes na própria livraria, quando é possível).   
       Acho que todas as mocinhas, criadas por Jane Austen (e ela própria) gostariam de frequentar shoppings, se tivessem tido oportunidade.
     Há cartas em que Jane escreveu sobre suas compras em sua visita em casa de seu irmão (Charles, se não me engano), e quanto ela se deliciava com "comprinhas". Claro que ela não era diferente!
       Shopping às vezes pode combinar com futilidade e aí vem  Lydia e Kitty Bennet, Lucy Steele, que iriam ao shopping no máximo comprar esmaltes, ver vitrines, os rapazes, ir ao cinema e tomar sorvete. 
    Outras, como as irmãs Bingley, Emma e Georgiana também me parecem gostar desse tipo de passeio, mas sempre voltam com as sacolas cheias do que a moda oferece de novidades. 
    Mas...de todas as personagens de Jane Austen, acredito que a que mais seria assídua  aos shoppings centers seria Mary Crawford. Daquelas que vão à joalherias, compram grifes,  sejam sapatos, bolsas ou roupas, isso combina com ela! É a cara dela!
Mesmo porque (me perdoem as(os) que gostam "da etiqueta", pois esse comportamento também tem um fundo psicológico) isso combina com aparência e ostentação, coisa que Mary tinha de sobra.

Já Jane e Lizzie, poderiam apreciar as livrarias, algumas lojas de roupas ou quem sabe perfumes.

    Elinor e Marianne com certeza levariam Margareth e quem sabe a Sra. Dashwood (que me parece ser bem disposta para esse tipo de passeio. Acredito que iriam mais para comprar algumas coisas necessárias do que futilidades, como sapatos e roupas e quem sabe alguns livros e artigos de papelaria para Elinor e Margareth. Um café ou chazinho também me soa bem!

    Anne Elliot é um caso a parte. Ir ao Shopping com Lady Russell não me parece muito convidativo, a não ser para dicas de bons livros; com as meninas Musgrove, pareceria mais uma babá, com Mary, uma psicóloga ambulante, o bom mesmo seria ir sozinha, mas acho que Anne só foi mesmo a um Shopping depois de se ter casado com Cap. Wentworth, certamente apreciariam um chá e as exposições que sempre estão "por ai". 

     E o que dizer de Fanny Price. Dúvida cruel! Pra ir com Maria e Julia seria um balde de água fria  na auto-estima (já tão judiada) de Fanny, com Mary Crawford??? Nem pensar! É... fico pensando que ela só iria mesmo à feira, ou quem sabe depois de casada como Anne. Que tal um McSundae com Edmund?

  Tempos difíceis... Quem ai fica sem um Shoppinzinho?! 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

"Razão e sensibilidade" - A música como forma de aproximação nas obras de Jane Austen - parte final


"...Marianne tocou ao piano todas as músicas preferidas que costumava tocar para Willoughby, cantou todas as árias em que suas vozes soavam perfeita e alegremente unidas...."

     Em "Razão e Sensibilidade", Jane Austen nos mostra uma heroína talentosa com a música. Marianne era excelente pianista, cujas interpretações eram admiradas por todos. O piano, era para ela um companheiro e nos momentos de desapontamento em que passou com Willoughby foi seu amigo, fazendo da música um grande consolo.



Marianne achava que a música não tinha muita influência sobre Edward...
      - Talvez - confessou Marianne - eu tenha recebido essa notícia com alguma surpresa. Edward é muito querido e eu o amo com ternura. No entanto... há alguma coisa que lhe falta... Sua aparência não é impressionante; ele não tem aquele encanto que eu esperava no homem destinado a ligar-se seriamente a minha irmã. Falta em seus olhos todo aquele espírito, aquele fogo que ao mesmo tempo revela virtude e inteligência. E, além de tudo isto, tenho medo, mamã, que ele não tenha bom gosto. A música parece exercer pouca atração sobre Edward e, se bem que ele admire muito os desenhos de Elinor, não se trata da admiração de uma pessoa que pode entender seu valor. (pág.10)


...e ainda pensava que a música era uma espécie de sintonia entre os casais...
     Eu não poderia ser feliz com um homem cujo gosto não coincidisse com o meu em todos os pontos; ele precisará participar dos meus sentimentos; os mesmos livros e as mesmas músicas deverão encantar a nós dois. (pág.10)


Talvez pelo mesmo motivo (pela falta de interesse do marido) a Lady Middleton abandonara a música depois de casada...
   Nessa noite, como alguém comentasse que Marianne estudara música, ela foi convidada a tocar. O piano foi aberto, todos se prepararam para ficar encantados e Marianne, que cantava muito bem, foi solicitada a tocar e cantar as músicas que Lady Middleton havia trazido para aquela casa ao se casar e cujas partituras tinham permanecido na mesma posição em que as colocara no instrumento, pois a anfitriã celebrara o casamento abandonando a música; no entanto, de acordo com as afirmativas de sua mãe, ela tocava muito bem e, segundo a própria Lady, gostava muito de tocar. (pág.20)



Marianne foi admirada por Sir John e Coronel Brandon por seus dotes musicais...
    A performance de Marianne foi aplaudida com entusiasmo. Sir John expressava sua admiração em altos brados cada vez que uma canção terminava e conversava em voz bem alta durante a execução de cada uma. Lady Middleton o repreendia a todo instante, comentando não entender como a atenção de alguém podia desligar-se da música por um momento que fosse e pedia a Marianne que cantasse determinada canção quando ela acabara de cantá-la. Apenas o coronel Brandon ouvia atento o tempo todo, sem demonstrações exageradas, e oferecia a Marianne o cumprimento da atenção, fazendo com que ela o respeitasse em meio aos outros, que evidenciavam uma vergonhosa falta de bom gosto.(pág.20)



A admiração do Coronel Brandon por Marianne era ainda maior por sua interpretação musical. A sintonia de gostos que ela almejava num casal, ele já estava certo de ter encontrado junto dela...  
     O prazer que ele demonstrava ao ouvir música, se bem que não fosse aquele êxtase encantado que pertencia apenas a ela, tornava-se precioso em contraste com a horrível insensibilidade dos outros, e Marianne era razoável o bastante para reconhecer que um homem com trinta e cinco anos podia ainda ter sentimentos profundos e admirar coisas lindas a ponto de se emocionar.(pág.20)


Marianne se encantou ainda mais quando Willoughby se declarou apaixonado por música...
    Willoughby... aparência de cavalheiro perfeitamente bem-educado ele unia franqueza, vivacidade e, acima de tudo, quando declarou que era apaixonado por música e dança, Marianne endereçou-lhe um olhar de aprovação tão profundo que garantiu para si a atenção dele em todas as demais conversas que decorreram durante a visita.(pág.27)


...e outras afinidades entre Marianne e Willoughby...
     Com grande rapidez descobriram que o gosto pela dança e a música era mútuo, o que fez com que nascesse uma conformidade geral de julgamento em tudo que se relacionasse a essas diversões.(pág.27)

    O convívio deles foi-se tornando aos poucos o prazer mais importante para ela. Liam, conversavam, cantavam juntos; o talento musical de Willoughby era considerável e ele lia com a sensibilidade e emoção que, infelizmente, faltava a Edward.(pág.28)

...a música e o piano unindo ainda mais o jovem casal...
      Muitas observações, então, foram feitas a respeito da chuva pelos dois. Willoughby abriu o piano e pediu a Marianne que fosse sentar-se a ele, o que fez com que diferentes pessoas se desinteressassem do tema, que caiu por terra. Mas não foi fácil para Elinor recuperar-se da agitação que despertara nela.(pág.35)



...o piano trazendo as lembranças de Willoughby...
  A tarde passou naquele mesmo clima de sensibilidade profunda. Marianne tocou ao piano todas as músicas preferidas que costumava tocar para Willoughby, cantou todas as árias em que suas vozes soavam perfeita e alegremente unidas. Houve momentos em que permaneceu imóvel como uma estátua, fitando perdidamente as linhas das músicas que ele havia escrito para ela, até que seu coração ficou tão pesado que seria impossível suportar mais tristeza.

...e continuou nos dias em que se seguiram...
   Esse constante alimentar da dor profunda continuou nos dias seguintes. Marianne passava horas ao piano, chorando e cantando alternadamente, a voz em certos momentos completamente afogada por lágrimas. Também nos livros, como na música, ela provocava um sofrimento intenso e profundo comparando os contrastes entre o passado e o presente. Lia apenas e somente os livros que eles tinham lido juntos.(pág.48)




...a viagem a Londres, trazendo a possibilidade maravilhosa de adquirir novas partituras musicais...
    - Que maravilhas faria uma viagem desta família riquíssima a Londres! - acrescentou Edward. - Que dia feliz para os vendedores de livros, de partituras musicais, para os donos de lojas de artigos para pintores! A srta. Dashwood daria ordem para as lojas lhe enviarem toda novidade que aparecesse em matéria de telas, tintas e pincéis... Não haveria músicas suficientes em Londres para contentar Marianne, conheço bem a grandeza de sua alma, assim como livros!(pág.53)

...o piano nos momentos de irritação de Marianne...
    Lady Middleton propôs às demais que jogassem rubber. Nenhuma se opôs, a não ser Marianne que, com sua habitual falta de respeito às normas gerais da boa educação, exclamou:
- Minha cara Lady, a senhora sabe que tenho um bom motivo para recusar, uma vez que detesto baralho. Prefiro tocar piano; ainda não experimentei o seu desde que ele foi afinado. E, sem maiores cerimônias, ela dirigiu-se ao piano.
    Lady Middleton fez uma expressão que indicava estar agradecendo a Deus por jamais ter sido assim tão rude com alguém.
- Marianne não consegue ficar perto do seu piano sem tocar, a senhora sabe, Lady Middleton... - Elinor tentou suavizar a ofensa. - E eu a entendo perfeitamente, pois trata-se do melhor piano que já ouvi até agora.(pág.81)


...a eterna companhia...  
     Ao piano, Marianne empolgou-se com sua música e seus pensamentos, esquecendo-se de todas as pessoas que se achavam na sala, e o instrumento localizava-se muito perto das duas moças que trabalhavam. Então, a Srta. Dashwood concluiu que, com todo aquele barulho, poderia conversar com Lucy sobre o assunto que tanto a interessava sem que corressem o risco de serem ouvidas na mesa de jogo.(pág.82)


...a música animando os serões e unindo as pessoas...   
   Os acontecimentos da noite não foram importantes. Essa festa, como todas as outras noitadas musicais, reunia muitas pessoas que gostavam de fazer grandes performances, porém a maior parte delas não fazia, de modo algum, nada que pudesse ser de fato denominado performance. Os músicos eram, geralmente em sua própria opinião e na opinião de seus amigos mais chegados, os maiores artistas amadores da Inglaterra.(pág.142)


...dedicar-se à música e à leitura ajudaria esquecer Willoughby...
     ...Tenho a intenção de me levantar sempre antes das seis e dessa hora até o jantar pretendo dividir cada momento entre a música e a leitura. Planejei tudo e estou determinada a seguir um curso de estudo sério. Nossa biblioteca já é bem conhecida por mim para que eu a consulte para algo além de mero entretenimento. Mas existem obras que vale a pena ler, em Barton Park, e há outras, mais modernas, que sei que posso pedir emprestadas ao Cel. Brandon. Lendo apenas seis horas por dia, no decorrer de doze meses ganharei boa parte da instrução que desejo.(pág.196)

...a música lembrava Willoughby...
     Depois do jantar, Marianne sentou-se ao piano para tocar. Mas a partitura sobre a qual seus olhos pousaram foi a de uma ópera que Willoughby lhe comprara e que continha alguns de seus duetos preferidos; na capa, seu nome estava escrito com a letra do jovem cavalheiro. Isso já era demais! Ela balançou a cabeça, colocou a partitura de lado, dedilhou algumas teclas e, em seguida, reclamando de fraqueza nos dedos, fechou a tampa do instrumento - mas não sem antes declarar que no futuro iria praticar bastante.(pág.196)

     Em todas as obras de Jane Austen, não há outra heroína tão dedicada e movida sentimentalmente pela musica quanto Marianne em "Razão e sensibilidade". Ela percorreu com essa arte e com seu instrumento, todo o percurso de suas mais profundas vontades, decepções,  e realizações.

Fotos:
Adaptações de "Razão e sensibilidade" - 1981, 1995, e 2008.

domingo, 29 de junho de 2014

"Emma" - A música como forma de aproximação nas obras de Jane Austen - parte 3


...em nada tinha alcançado o grau de perfeição que ela tivesse querido possuir, já que não admitia enganos...


     A música na vida  de Emma mais parece ter sido uma forma de "denúncia" a si própria, de que realmente ela não poderia ser perfeita e admirada em tudo. 

   Rica, bonita, inteligente e acostumada a ser o centro das atenções, Emma não admitia não ser tão boa em algo, mas enquanto não houvesse alguém que lhe superasse em seus talentos isso não seria um problema, até que as qualidades de Jane Fairfax aparecessem para lhe incomodar (e muito). Não que ela não fosse dotada de talento, capacidade e inteligencia, mas lhe faltava disciplina e perseverança...isso denunciava-lhe mais ainda!

A falta de disciplina... 
     ...Emma sempre tinha querido fazê-lo tudo, e tinha sido no desenho e na música onde seus progressos tinham sido maiores, sobre tudo tendo em conta a escassa disciplina no trabalho a que se submeteu.(pág.19)

Emma sabia que poderia ser melhor se tivesse mais dedicação...
    Tocava algum instrumento e cantava; e desenhava em quase todos os estilos; mas sempre o tinha faltado perseverança; e em nada tinha alcançado o grau de perfeição que ela tivesse querido possuir, já que não admitia enganos. Não se fazia muitas ilusões aproxima de suas habilidades musicais ou pictóricas, mas não lhe desgostava deslumbrar a outros, e não lhe importava saber que tinha tina fama freqüentemente maior que a que mereciam seus méritos.(pág.19)

As ocupações de uma mulher, segundo Emma...
     As ocupações habituais de uma mulher, por isso se refere aos olhos, às mãos e ao cérebro, igual posso as ter então que as tenho agora; ou pelo menos sem que haja uma grande diferença. Se desenho menos, lerei mais; se deixo a música, dedicarei-me a bordar toalhas de mesa. E quanto a seres que reclamem nossa atenção...o maior perigo que têm que evitar as que não se casam...(pág. 41)


Emma e a rivalidade com Jane Fairfax...
     Reapareceram os mesmos motivos de inimizade de antes....e Emma voltou a sentir-se irritada com Jane. Tiveram um pouco de música; Emma se viu obrigada a tocar...pareceram com a Emma de uma ingenuidade afetada, de um ar de superioridade destinado tão somente a demonstrar a todos que ela, Jane, seguia estando muito por cima.(pág.79)

A música agrada a todos...
...você e a senhorita Fairfax nos obsequiaram com uma música deliciosa. Sr. Woodhouse, não conheço maior prazer que estar comodamente instalado em uma poltrona enquanto dois jovens como estas nos dão de presente os ouvidos durante toda uma velada; às vezes com música, às vezes com sua conversação.(pág.80)

Jane Fairfax não tinha um piano, mesmo sendo ótima pianista...    

...estou seguro, Emma, de que à senhorita Fairfax tem que lhe haver parecido agradável a velada...alegrei-me em ver que lhe deixava tocar tanto, porque como em casa de sua avó não têm nenhum instrumento, ela deve havê-lo agradecido muito.(pág.80)

Já viu Jane Fairfax tocar?
- Ouviu tocar alguma vez à senhorita da que estávamos falando( Jane Fairfax)?
-  Se a ouvi tocar? exclamou Emma. Esquece você que aconteceu muitas temporadas no Highbury. Ouvia todos e cada um dos anos de nossa vida desde que as duas começamos a estudar música. Toca de uma maneira encantadora.(pág.96)

Jane Fairfax ganha um piano de alguém desconhecido...
    A senhora Penetre estava contando que tinha visitado a senhorita Bate e que, logo que entrar na sala, ficou-se assombrada ao ver-se diante de um piano...um magnífico instrumento, muito elegante... quadrado, não muito grande, mas sim de umas dimensões consideráveis... mandado da casa Broadwood no dia anterior, com o grande assombro de ambas, tia e sobrinha, ante aquele inesperado presente...e tampouco tinha a
menor ideia de quem tivesse podido enviá-lo...(pág.102)


As suspeitas de quem teria dado o presente...
...mas que logo ambas se convenceram plenamente de que o piano não podia ter mais que uma origem; tinha que tratar-se forçosamente de um obséquio do coronel Campbell. Sempre hei sentido muito que Jane Fairfax, que toca tão maravilhosamente, não tivesse um piano.(pág.102)


Jane Fairfax tocava muito bem... 
     Pareceu-me uma vergonha, sobre tudo tendo em conta que há tantas casas nas que há pianos magníficos que não servem para nada...e aqui está a pobre Jane Fairfax que entende tanto em música e que não tem nada que se pareça com um instrumento nem sequer a espineta mais velha e mais lamentável para distrair-se um pouco...(pág.103)

Emma sabia de suas limitações com o piano... 
   A jovem conhecia muito bem suas próprias limitações para atrever-se a tocar algo que não se soubesse capaz de executar com certa brilhantismo; não lhe faltavam nem gosto nem talento para a música, sobretudo nas composições de pouco empenho que revistam interpretar-se nesses casos, e se acompanhava bem com sua própria voz.(pág.109) 

O dueto de Emma e Frank Churchill...   
...mas esta vez teve a agradável surpresa de ouvir que uma segunda voz acompanhava sua canção... a do Frank Churchill, não muito vigorosa, mas bem entoada. Ao terminar a canção, Emma se desculpou como era de rigor, e se aconteceram os cumpridos de costume. (pág.109)

As habilidades musicais de Frank Churchill..
     O jovem, por sua parte, foi acusado de ter uma voz muito bonita e um perfeito conhecimento da música; o qual ele negou como era de esperar, afirmando que era totalmente profano na matéria, e dando toda aula de seguranças de que não tinha nada de voz.(pág.109)
...mas a interpretação musical de Jane Fairfax era superior à de Emma e Frank...     
...ambos voltaram a cantar juntos uma nova canção; e logo Emma teve que ceder seu lugar à senhorita Fairfax, cuja interpretação, tanto do ponto de vista vocal como instrumental, Emma não pôde por menos de reconhecer em seu foro interno que era imensamente superior à sua.(pág.109)


Emma não gostava de ser inferior a Jane Fairfax ao piano e no canto...    

...doía de um modo muito claro e inequívoco sua inferioridade na interpretação e no canto. O que mais lamentava era a preguiça de sua infância...se sentou ao piano e esteve fazendo práticas durante uma hora e meia.(pág.111)

O desconsolo de Harriet por não saber tocar...
-Oh! Se eu pudesse tocar tão bem como você e a senhorita Fairfax!
-Não nos ponha à mesma altura, Harriet. Me comparar com ela é como comparar uma abajur com a luz do sol.(pág.111)


...mesmo assim, Emma dá sua opinião sobre a novo piano de Jane...
- Sim, sim, é uma grande ideia, disse Frank Churchill, será muito interessante conhecer a opinião da senhorita Woodhouse sobre o piano..."(pág.113)

A paixão da Sra. Elton por música...
- Já não pergunto a você se for aficionada à música, Sra. Elton. Nestas ocasiões a fama de uma dama geralmente a precede e já faz tempo que Highbury sabe que é você uma pianista de primeira categoria.
-Oh, não, claro que não, certamente que não! Tenho que protestar de uma ideia tão elogiosa. Uma intérprete de primeira categoria! 
     Asseguro-lhe que estou muito longe de sê-lo. Sua informação deve proceder de alguém muito parcial. Sou enormemente aficionada  à música, isso sim... é uma verdadeira paixão; e meus amigos dizem que não deixo de ter certo gosto para tocar o piano...(pág.134)

A Sra. Elton elogia Emma...
- Você em troca, senhorita Woodhouse, sei muito bem que toca maravilhosamente. Asseguro-lhe que para mim foi uma grande satisfação, um consolo e uma alegria saber que entrava em formar parte de uma sociedade tão melômana*.
Sem música eu não posso viver. É algo absolutamente necessário para minha vida, e como sempre vivi entre pessoas muito aficionadas à música, tanto no Maple Grove como no Bath...(pág.134)

(*melômana - pessoa grande admiradora de música)

O piano de Jane Fairfax...presente perigoso...
-O piano! Ah! Isso é algo muito próprio de um moço, de um moço de pouca idade, muito jovem para compreender que às vezes em um presente assim pesam mais os inconvenientes que a ilusão que produz. Sim, é uma ideia de menino! Não posso conceber que um homem se empenhe em dar a uma mulher uma prova de seu afeto que sabe que ela preferiria não receber; e sabia que de ter podido, ela se houvesse oposto a que o enviasse o piano.(pág.217)


Conclusões finais sobre o caso:


     Emma com certeza poderia ter aprendido um pouco com um grande compositor que foi viveu na mesma época, não tão distante dali:

" O gênio é composto por 2% de talento e de 98% de
perseverante aplicação."
                                          Ludwig van Beethoven