sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Beethoven e Mr. Darcy

     Com certeza alguém vai ler o título outra vez, pois parece ser algo "nada a ver", a primeira impressão é como aquela antiga música do Legião Urbana, "Eduardo e Mônica", quem se lembra? Eles pareciam não ter nada em comum , mas tinham muito em comum! É o caso desses dois.

     Um inglês e outro alemão
   Um escrevia cartas muito bem, o outro partituras melhor ainda.
     Às vezes seguiam a moda igualmente, com largas costeletas e uma certa "franja" desgrenhada.
    Em outras ocasiões, mais valia um cabelo com certo ar de rebeldia
      Um era um Maestro e outro um Gentleman.
     
     Me explico: Jane Austen e Ludwig van Beethoven foram contemporâneos!
    Jane nasceu em 1775, Beethoven em 1770, os primeiros manuscritos de "Orgulho e preconceito" (que primeiramente levavam o título de "Primeiras impressões" foram datados de 1797, tendo Mr. Darcy 28 anos na época (como nos conta a própria obra) ele deve ter nascido com cerca de um ano de diferença de Beethoven. 
   Jane Austen faleceu muito nova, em 1817, Beethoven, cinco anos mais velho, durou ainda mais dez anos e faleceu em 1827, mas é fato: Beethoven alcançou fama ainda em vida  e sua música se expandiu por toda a Europa, Jane Austen por sua cultura, deve ter admirado o maestro e ouvido muito sua música.   
                     
     Fato importante: Jane Austen não é considerada uma escritora romântica e nem Beethoven um  compositor romântico, embora muitos imaginam que a obra do maestro tenha esse aspecto. 
  Beethoven assim como Jane foram "Pré-românticos", pois o romantismo foi um movimento da literatura, música, filosofia que durou de 1800 até 1850 (ou ainda um pouco mais), mas verdadeiramente, os grandes compositores do romantismo (Schubert, Chopin, Liszt...), estavam nascendo quando os livros de Jane Austen foram então publicados, isto é, o movimento romântico  veio mesmo tomar força quando Jane já estava em seus últimos anos de vida.
    O que é importante saber, é que a música de Beethoven foi tocada e admirada nos salões e entre as belas moças ao piano. 
   Ambos foram precursores para os vindouros românticos,  tanto na literatura como na música, sendo assim, é notório que Mr. Darcy que viveu na mesma época, seguia os padrões de moda que o músico também seguia. Reparem no lenço do pescoço, casaco, cabelo, costeletas e porque não citar que as namoradas do maestro tinham a mesma idade e aspecto de outras mocinhas da época assim como Jane e Elizabeth. 
     Consta que Beethoven teve uma amada e manteve isso em segredo. Até hoje esse fato é um ponto de interrogação. Muitos dizem que foi Elise, pois compôs a famosa música "Für Elise", (aquela que tragicamente colocaram no caminhão de gás que passa nas ruas), outros dizem que foi escrito em gótico e a tradução na verdade é Therese e a coisa por ai vai, mas se você quer saber sobre a vida de Beethoven e gosta de filmes de época, exatamente a época em que Jane Austen viveu, recomendo mesmo "Minha amada imortal" (Immortal beloved-1994).

    As vestimentas, as carruagens, como o povo vivia, as barbáries das batalhas de Napoleão, ... 
...as mesmas dificuldades em um casamento sem fortuna, como quando Beethoven pede a mão de Julia em casamento (observe na legenda, o que diz o pai),
e ainda saber sobre esse mistério através de seu amigo, que após sua morte encontra uma carta  onde Beethoven fez um testamento deixando a fortuna para sua amada imortal, 
e ele tenta a todo custo encontrar a mulher para qual ela foi endereçada. 
    A foto abaixo é uma captura de tela onde Beethoven ainda jovem , mas já surdo, toca a bela "Sonata ao luar" com os ouvidos colados ao piano para sentir as vibrações dos sons, pois não podia ouvir, fato verídico.
                           
     O papel de Beethoven (em uma interpretação excelente), é do inglês Gary Oldman,

Com Coliin Firth, atualmente. 
      Recomendo pois acredito ser uma lacuna não conhecer mais sobre esse grande mestre da música e sobre sua vida sofrida. Já foram feitos outros filmes sobre a vida de Beethoven, sempre com grande dose de ficção (como esse) e sempre estão à procura dessa "amada", mas acho que vale a pena pelos fatos históricos, a relação com o pai, com o sobrinho, sobre a surdez, e a gente sabe que é realmente muito difícil uma biografia não ser romanceada. O mais importante é perceber como alguém com tantas dificuldades pode compor obras tão magníficas e romper barreiras com sua inteligência e brilhantismo?!
Gary Oldman como Beethoven em "Minha amada imortal" - 1994
     E essa foi minha associação: 

  • Fitzwilliam Darcy, o bom rapaz culto, rico, bonito que se casa com a heroína Elizabeth Bennet, faz o sonho de muitas...mas fictício. 
  • Ludwid van Beethoven, uma vida difícil, atribulado, cheio de altos e baixos, surdo desde os 25, não se casa com a mulher que ama, mas real e mais real ainda é sua música, que igualmente faz sonhar a muitos...MARAVILHOSA!!! 

    Para quem não conhece as obras, como Jane Austen certamente conhecia, recomendo começar ouvindo essa pequena listinha (tenho a certeza que você vai amar):
"Sonata ao luar"
"Para Elisa"
"Sinfonia nº 6 - Canto os pastores"
"Sinfonia n° 9 - Ode à alegria"
e a famosa "Sinfonia n° 5"  (isso é só o comecinho...)

    Desafio cultural: que tal ler uma obra de Jane ouvindo Beethoven ao fundo, já experimentaram esse deleite? Então testem e depois me contem.
Fotos:
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5 comentários:

  1. Adorei a associação! Mas acho que vale ressaltar que 'Minha amada imortal' é mais ficção do que realidade (no que se refere à vida amorosa de Beethoven, especialmente a questão dele com a cunhada). É um ótimo filme, no entanto! Através dele, conseguimos entender um pouco mais a vida desse grande músico.

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  2. Caro leitor(a,

    com toda certeza! Mesmo porque já foram feitos outros filmes sobre a vida de Beethoven,sempre com boa dose de ficção e sempre estão à procura dessa "amada", mas acho que vale a pena pelos fatos históricos, a relação com o pai, com o sobrinho, sobre a surdez, é realmente muito difícil uma biografia não ser romanceada, mas agradeço a resenha, vou atualizar o post com essa observação. Abçs,

    Patrícia

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  3. Patrícia,

    sou desligada com datas e não sabia dessa contemporaneidade do compositor com Jane. Desde sempre amo a Ode a alegria da nona, e também a famosa quinta sinfonia. Você me fez lembrar que preciso ver filmes com Gary Oldman, ator que gosto por demais!

    PS: Darcy e Beethoven, já estão lá no Jane.

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    1. Raquel,

      Obrigada. Pois é, Gary Oldman faz uma interpretação muito boa de Beethoven, uma pessoa cheia de altos e baixos. Achei interessante ressaltar esses aspectos musicais para os leitores do "Quando vovó era moça" e pretendo relacionar um pouco a música com a literatura de Jane Austen nos próximos posts, afinal cultura pouca é bobagem (rindo). Bjos,

      Patrícia

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