domingo, 30 de junho de 2013

Os livros de beleza que Jane Austen e suas heroínas liam- Cuidando da beleza no séc. XIX - parte 1

     É muito interessante ver aquelas lindas moças do início do século XIX... Aqueles vestidos de sonho, lindos penteados, chapéus, casaquetos em veludo, uma época tão charmosa e cheia de romance... Mas e na hora da toilette? Como será que era cuidar da beleza?
     Como as lindas heroínas, as mocinhas da época e a própria Jane se cuidavam para impressionar os rapazes como Bingley, Darcy, Ferrars, Willoughby e por que não o "lendário" Lefroy? Como eram as fragrâncias, os cremes, as loções? E quando aparecia uma indesejável espinha? Havia sombra? Batom? Rímel? Base? Os romances não nos contaram nada disso... Mas a curiosidade conseguiu alguma coisa.
     A partir do final do séc. XVIII, mas precisamente após a Revolução Francesa (que terminou em 1789), as mulheres fizeram de tudo para conseguir parecer o mais natural possível. As vestimentas e penteados se tornaram mais simples e o rosto teria que estar fresco e lindo mas sem aparência de ter usado qualquer maquiagem.
     A maioria dos “produtos de beleza” eram do tipo DIY (do it yourself – faça você mesmo), mas alguns também podiam ser comprados em lojas.
     Eram utilizados ingredientes comuns do dia a dia, tais como azeite de oliva, óleo de rícino, glicerina, creme de tártaro, magnésio e bórax, mas o pior é que não tinham noção que utilizavam também alguns bem perigosos para a saúde, como chumbo, ferro, ferrugem e espermacete.
      O chumbo era usado muitas vezes em pós faciais, que eram essenciais para alcançar a aparência desejada de pele pálida. A oxidação do ferro (ferrugem) era ingrediente de shampoo para escurecer o cabelo). Isso era feito sem nenhum critério de segurança, pois na época nem se tinha o conhecimento dos riscos desses ingredientes para a saúde a curto e longo prazo.
     Essas receitas e dicas, além de serem passadas entre as amigas e de mãe pra filha,  era comum se ler livros e revistas que anunciavam os “mais modernos” conselhos de beleza.
     Entre estes estavam “Godey’s Lady’s Book”, uma revista mensal muito popular em meados século XIX,

“The toilet of Flora” (1779)
(Publicado no ano em que Jane Austen completou 4 anos).
(métodos simples de preparação de banhos, essências, pomadas, pós, perfumes, águas perfumadas e cosméticos de todo tipo, para cuidar, suavizar, clarear e tirar a aparência envelhecida da pele das damas),

The mirror of the graces” (1811) que com certeza
deve ter sido bem conhecido pelas mocinhas contemporâneas de JA, pois foi publicado em 1811,





o afamado The Arts of Beauty”(or “Secrets of a Lady's Toilet”) (1858) da polêmica Lola Montez,

uma dançarina, que diziam ser uma aventureira  e vigarista, que depois de causar diversos escândalos na Europa, teria fugido para a América e se tornado escritora. Nesse livro ela se propõe a contar os segredos de beleza das encantadoras mulheres nobres européias:
- "Eu sabia de muitas senhoras elegantes de Paris que utilizavam fatias finas de carne crua em seus rostos todas as noites antes de irem para a cama. Mantinha a pele livre de rugas, ao mesmo tempo que garantia um frescor juvenil e um brilho agradável na pele.”

     No “Family Doctor” (já em 1889)

dizia-se que além de proteger a pele do sol e praticar exercícios moderados, a beleza também precisava de sono adequado:
“...uma senhora mais idosa revelou o segredo de sua pele clara e rosada a um grupo de mulheres jovens: “dormir demais estragar a pele. Vá para a cama cedo, acorde cedo e você vai envelhecer lentamente e manter sua boa aparência a uma idade avançada. Se, no entanto você for obrigada a dormir a altas horas, deverá dormir uma hora, todas as tardes. Antes de ir para a cama, tome um banho quente e permaneça na água por apenas alguns momentos. Em seguida, tome uma xícara de caldo de carne, e um pequeno copo de vinho Málaga. O sono virá em breve, e durará até o tempo natural de despertar, que é cerca de dez horas da manhã(!!!), onde deverá  tomar um banho frio ou utilizar uma esponja de banho, fazer um ligeiro pequeno almoço  de café com leite, e pão sem manteiga...” Imagina-se que essa senhora ouviu estas dicas de beleza de amigas e parentes que viveram no início do século XIX.


dedicou um capítulo inteiro para os segredos de beleza: “...se as mulheres  querem governar, controlar, gerenciar, influenciar e também ter a admiração dos maridos, pais, irmãos, amantes ou mesmo primos, elas devem ser bonitas em todos os momentos.” Aqui estão algumas de suas dicas para isso:
Difícil não rir disso em nossos dias!!!
     Fico pensando... seguindo todos esses infalíveis truques de beleza, como seria o retrato de Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito - Jane Austen/1813), ou melhor, Elizabeth Darcy aos 60 anos???

     Todos esses livros são vendidos ainda hoje, para curiosos, apreciadores e claro para quem quer se manter belo como no século XIX. Mas cuidado, eu  ficaria com um Renew, Chronos ou até mesmo o velho creme Ponds, não sei porque, mas acho que dá mais resultado...

Fotos:

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Penteado: Sua Magestade, o coque.

      Quem disse que coque é coisa de vó??? Até  a princesa está usando! Bom, com um certo paradigma "quando vovó era moça" as moças usavam coque!!! 
     Lembram dos belos coques das mocinhas dos livros de Jane Austen? Cabelos soltos eram só transição (pra lavar, pentear, arrumar e quando muito no aconchego do lar...) os cabelos estavam sempre presos, com excessão das muito novinhas ou das meninas. Olha que charme...
     A influência nos tempos de Jane Auten (e de seus livros) era grega, e para cabelos isso também se estendia, com penteados que lembram as belas gregas, como Helena de Tróia, com "massa de cachos" idênticas às das heroínas dos livros. Valia também deixar um pouco solto de um lado, que também se vê bastante. 

Essa é uma figura de Helena de Tróia.
 Não é igual ao penteado de Jane Bennet
(O&P 2005) no baile de Netherfield?
    Quem leu Laura Ingalls Wilder (escritora americana 1867/1957) deve se lembrar que Laura dizia que já era uma mocinha pois seus cabelos agora não ficavam mais em longas tranças, mas presos em um coque. Meninas podiam usar vestido curto e cabelos trançados ou semi-presos, mas as moças trajavam vestidos longos e cabelos presos, até mesmo as mais novinhas.
     Ela diz que sua mãe era tão recatada a esse respeito que nem sequer mostrava as orelhas! Elas ficavam escondidas por baixo do cabelo quando ela os prendia em um coque. Quando Laura perguntava o porque disso à mãe ela dizia que não sabia, mas que sempre usara assim...
     Com o tempo, as moças começaram a soltar os cabelos  e cuidar mais deles também, então não é dificil ver até mesmo senhoras com cabelos longos e soltos, mas o tal pentedo ainda leva o preconceito de ser coisa de "véia". Puro engano, quem está observando o dia-a-dia na mídia e nas ruas pode ver o quanto as mulheres (de todas as idades) estão andando chiquérrimas com esse penteado e o must do momento são os tais coques gregos, como naqueles tempos... quem quiser aprender fazer os mais elaborados, o YouTube está cheio de tutoriais,

mas o penteado é bem eclético e tem para todos os gostos e acasiões:

  
Todo arrumadinho, baixo, tipo bailarina:
Meio despenteado, charmoso:
De ladinho:
Bem no alto da cabeça, feito com meia ou rolinhos:
Com palitinho, tipo japonês:
Com redinha:
Tipo banana, anos 60:
     Eu particularmente estou adotando! Gosto de tudo que deixa a mulher mais feminina (sabem que amo romantismo no ar), acho muito charmoso, prático, romântico, além de ficar muito bonito o ano todo: com as temperaturas mais baixas com um cachecol é muito chique e no calor, nem se fala da praticidade.
    Não esqueçam dos enfeites! Os grampinhos, trancinhas, tearinhas (viram as fotos no topo, inpiradas nos romances de Jane Austen?) estão super em alta e tiram a seriedade do penteado.
      Vamos lá! De volta ao seculo XIX!