domingo, 23 de fevereiro de 2014

Jane Austen em um ano sem verão

   Em 1816, países do hemisfério norte, além de devastados por surtos de epidemias (cólera, tifo, etc.) e por grande fome, sofreram mudanças climáticas inesperadas, e o pior: foi um ano sem verão! Mas, o que motivou esse ocorrido? 


     Anteriormente, Benjamin Franklin havia sugerido que o verão gelado de 1783 (durante a infância de Jane Austen) seria resultado da erupção do Monte Laki, na Islândia, mas seus amigos cientistas dispensaram sua tese. Foi apenas em 1920 que W. J. Humphreys, um climatologista americano, estabeleceu uma relação direta entre a erupção do Monte Tambora e “O Ano Sem Verão” de 1816. Ele explicou que a força da erupção de Tambora jogou cinzas e gases que os ventos espalharam na estratosfera por todo o mundo por mais de um ano. Essas partículas suspensas criaram um manto de poeira, que influenciou o calor do sol.


     O Monte Tambora fica na ilha de Sumbawa, na Indonésia, ao leste de Bali. As pessoas cultivavam milho, arroz, feijão, e criavam gado. Por volta de 1800, começou a exportar seus produtos e algumas recentes escavações mostraram indícios de porcelana e também, seda o que indica um possível comércio com a China.

     Na verdade, o explosão do Monte Tambora, foi a pior de todos os temposDurante o ano seguinte, uma intensa nuvem de cinzas pairou no ar em todo o hemisfério norte (principalmente), impedindo que os raios do sol atingissem a Terra.  

     Os novos padrões climáticos que surgiram depois da erupção do vulcão do Monte Tambora, em 10 de abril de 1815:

  • A geada, a neve e as chuvas decorrentes deste fenômeno acabaram com as lavouras, trazendo fome por todo lado.
  • O número de mortos na Indonésia chegou a centenas de milhares, sendo esse, um dos desastres naturais mais mortais da história.
  • Foi a maior erupção dos últimos 10 mil anos - 10 vezes maior do que o mais famoso Krakatoa 68 anos depois, que matou 10.000 pessoas, mas, como a comunicação ainda era precária na época o acontecido não pareceu ter tido grandes proporções, mas simplesmente por falta de informação. 
  • Na Europa e Grã-Bretanha, houve muito mais chuva do que o habitual ao longo dos meses de verão. 
  • Na Irlanda, choveu sem parar durante oito semanas, destruindo a cultura da batata e trazendo a fome. 
  • Incêndios e saques foram registrados por toda a Europa, como geadas, inundações, colheitas devastadas e a fome. Na Suíça, foi declarado: emergência nacional. 
  • Foi chamada: "a última grande crise de subsistência no mundo ocidental", e cerca de 200.000 pessoas morreram de fome ou com as epidemias que se seguiram.



Curiosidades:


  • A erupção do Monte Tambora começou silenciosa, em 10 de abril de 1815. Sons parecidos com canhões foram ouvidos a mais de 1.600 quilômetros de distância e foram confundidos com um possível ataque militar.
  • A erupção aconteceu por volta das 7 da noite, quando três colunas de chamas de 40 quilômetros de altura foram avistadas. Foram liberados cerca de 200 milhões de toneladas de dióxido de enxofre e 100 quilômetros cúbicos de pedras.
  • Sumbawa e outras ilhas a 600 quilômetros de distância mergulharam na escuridão. Um furacão de uma hora de duração veio logo depois, arrastando casas e pessoas para o mar, na direção noroeste. Os mares de transformaram em tsunamis de 5 metros de altura.
  • O índice de explosão vulcânica (VEI – da sigla “volcanic explosivity index”) chegou a 7, ou seja, a magnitude da erupção foi classificada como “supercolossal”. Explosões subsequentes continuaram com menos intensidade nos três meses seguintes. As erupções finalmente cessaram em 15 de julho de 1815.
  • Como o “Ano sem Verão” afetou o resto do mundo?

    Suíça, 1816 A fome na Suíça foi tão grande que as pessoas começaram a comer plantas. Durante o “Ano sem Verão”, o faminto povo suíço teve que recorrer a musgos para sobreviver.
    Lago Genebra, Suíça, 1816 Mary Shelley se inspirou no péssimo tempo para escrever o clássico “Frankenstein”. Hospedado na mesma cabana que Mary Shelley, em 1816, John Polidor escreveu “O vampiro”, que mais tarde inspirou “Drácula”, de Bram Stoker.
    França, 1816 As uvas de vários vinhedos da França congelaram durante o verão. Em 1816, em conseqüência do verão gelado, a colheita de uvas do país praticamente não existiu.
    Irlanda, maio-setembro de 1816
    A Irlanda sofreu com uma chuva fria e persistente em 142 dos 153 dias de verão. O país sofreu pela primeira vez com a fome no “Ano sem Verão”, quando o tempo frio destruiu as colheitas de trigo, aveia e batatas.
    Hungria, janeiro de 1816
    Uma nevasca de cor marrom, causada pela poeira vulcânica do Tambora, atingiu a Hungria. Na primavera de 1816, a neve que caiu sobre a Hungria e a Itália era marrom e amarela, respectivamente.
    Inglaterra, outono de 1815 Turner pintou telas em tons vermelhos, com a mudança na radiação do sol. Em resposta à escassez de comida causada pelo “Ano sem Verão”, o governo britânico aboliu a cobrança do imposto de renda em 1816.
    Alemanha, 1816 Karl Drais inventou um tipo de bicicleta para baratear o transporte de grãos. Alemães famintos assavam palha e serragem como se fosse pão no “Ano sem Verão”.
    Canal Erie, Nova York, 1817
    A construção do Canal Erie ajudou a migração de fazendeiros para o Meio Oeste. As perdas das colheitas no “Ano sem Verão” obrigaram a família do fundador dos mórmons, Joseph Smith, a se mudar de Vermont para Nova York.
    China, 1815 O mau tempo e as enchentes destruíram as colheitas no nordeste da China. A erupção do vulcão Tambora afetou a estação das monções na China, gerando enchentes devastadoras no Vale do Yang-Tsé em 1816.
    Índia, 1816 O excesso de chuvas agravou uma epidemia de cólera, de Bengala a Moscou. A fome de 1816 enfraqueceu a resistência das pessoas, tornando-as sensíveis a doenças e propagando a epidemia de cólera na Europa.
    Capa do livro de
    William K. Klingaman
    sobre o ano sem verão
         É interessante que Jane Austen não menciona nada em particular sobre esse ano sem verão, talvez pelo seu estado de saúde já precário ou ainda pode ter comentado algo em alguma de suas cartas que foram destruídas pela irmã Cassandra, mas vale a pena salientar esse ocorrido tão relevante e sofrido do período Regencial Inglês.

    Obs. Não consigo encontrar o site onde pesquisei, mas consta que um tal de Mr. Bingley era responsável por uma das ilhas que foram afetadas. Interessante....

    Fontes:
    http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_terra_extremo/sem_verao/terra_extremo_invisivel/index.shtml
    http://www.express.co.uk/expressyourself/317603/The-year-without-summer
    http://library-old.eku.edu/blogs/digital/items/show/1832
    http://seanmunger.com/2012/05/28/reliving-1816-the-year-without-a-summer-on-twitter/

    terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

    Liz no topo do mundo

        O "Vovó" está fazendo dois aninhos!!! Isso mesmo nosso blog "Quando vovó era moça" está fazendo aniversário! 
       Pra comemorar, a gente tem que primeiro agradecer às inúmeras visitas e comentários que chegam ao blog, pelos leitores, o carinho, pois jamais sonhei que ele se tornasse tão querido. 
           Então, pra festa, faço hoje um post com a música "Liz on top of the world" de Dario Marianelli/ "Orgulho e Preconceito" de 2005, por ser a postagem sobre essa trilha sonora, de longe a  mais visitada do blog. 
        Escolhi essa música em particular, primeiro por fazer parte de uma das cenas mais bonitas dessa adaptação de Jane Austen, onde a heroína Elizabeth Bennet (Keira Knightly) fica "pensando na vida" a beira de um penhasco na maravilhosa região dos lagos ingleses (onde foi preciso prendê-la com cabos de aço); em segundo, porque amo tocar essa melodia (encontrada em soundtrack - Pride and Prejudice, toda a trilha é magnífica) e é sempre a preferida de meu marido que não cansa de dizer que essa música é maravilhosa (e de fato, é), então... motivos mais que justos! 
         Deixo aqui um vídeo do youtube com a cena pra quem quiser conhecer ou matar as saudades. Obrigada leitores(as)!!!

    sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

    Os 147 anos da escritora Laura Ingalls Wilder



         Pra quem não conhece (não sabe o que está perdendo)  Laura é uma grande escritora americana, a melhor na categoria infanto juvenil, mas seus livros são admirados por pessoas de todas as idades e quem lê, seja em qualquer fase da vida, não esquece as lições de amor e perseverança contidas em seus livros biográficos, a ternura, a alegria com que passa isso ao público é única. 
    Laura com cerca de 14 anos
         Laura Elizabeth Ingalls, nascida em uma cabana de troncos no estado de Wisconsin, Estados Unidos a 7 de fevereiro de 1867. Casou-se com Almanzo Wilder aos 18 anos e tornou-se Laura Ingalls Wilder.
    Trecho de "Anos felizes"

         Dificuldades, namoricos, a infância, a juventude, as mudanças com a família em busca do Oeste americano, é tudo muuuuiiito bonito.
    Trecho de "O longo inverno"
         Laura publicou seus livros entre 1932/1943. Quem a incentivou a escrever sua história foi a própria filha, Rose Wilder Lane, que era jornalista, escritora e foi também correspondente de guerra no Vietnã. Via na mãe um grande talento e não errou, pois Laura já era uma senhora quando começou a escrever.
         Os livros de Laura Ingalls Wilder podem ser lidos por todos, dos 8 aos 100 anos, sem medo de errar.
    Laura faleceu em 1957 aos noventa anos, e deixou escrito 10 livros (nove de uma série e mais um diário de viagem).
    Trecho de "A beira do riacho"
          Já li e relí vááááárias vezes... Recomendo muito! Os leitores que gostam de Jane Austen certamente gostarão de Laura, embora sejam estilos diferentes mas têm aquela vivacidade e envolvimento de igual natureza.  
        Então...fica a dica pra lembrar os 147 anos dessa escritora tão querida!